"Por uma cultura de Paz"

“Por uma cultura de Paz"

terça-feira, 18 de março de 2008

Sonho Realizável? Por Ricardo Wangen


“Um princípio é um princípio, e ele jamais deveria ser diluído
por causa da nossa incapacidade de colocá-lo em prática.
Temos que nos esforçar para realiza-lo e o esforço
deve ser consciente, deliberado e duro”.
M. K. Gandhi-(1939)
Nestes dias, manifestações aparecem na internet e nos jornais com o título “sonho roubado” e “esperança seqüestrada” etc. Títulos assim, perante os escândalos e mentiras provocam na gente uma pergunta — estamos fadados a conviver com a cultura de violência para sempre? A idéia dos premiados de Nobel de Paz de promover uma cultura de paz é algo viável?
Sonhos de paz não são algo recente. Já os profetas do Antigo Testamento tiveram seus sonhos de paz. Francisco de Assis teve o seu sonho de paz. Gandhi teve seus sonhos de paz. Martin Luther King Jr. teve seu sonho de paz. Dom Helder Camara teve seu sonho de paz, e muitos outros tiverem seu sonho de paz, e eu e você, leitor, temos o nosso sonho de paz. O que vamos dizer, sonhar é um exercício fútil??
Corrupção não é alheio aos militantes de paz. A experiência amarga demonstra desvio de dinheiro e abusos de poder entre os responsáveis nos movimentos de Serviço de Paz e Justiça desde seu início em 1978. Mas, refletindo sobre esses desvios precisamos dizer que todos nós, engajados naquele tempo, de uma forma ou outra fomos cúmplices daquele desvirtuamento dos nossos princípios.
Para abreviar a palavra façamos uma pergunta, o que devemos aprender desses acontecimentos? Como resposta eu diria o seguinte: (1) Precisamos reafirmar a ideologia da democracia radical, mútua e não hierárquica. Onde existe hierarquia sempre há possibilidade de abuso de poder e desvirtuamento dos nossos princípios. Todos nós somos capazes de cair na desgraça de desviar bens para o nosso próprio benefício. Por isso, é importante criar e viver em comunidade. Como participante eu necessito de apoio e crítica dos outros membros do nosso grupo. (2) Comunicação e transparência devem ser o óleo que lubrifica a nossa convivência. Se estamos na função de liderança não há necessidade de assumir uma responsabilidade sozinho. É importante reconhecer as nossas limitações e pontos fortes. Delegar tarefas estimula participação e o sentido comunitário. (3) Estamos engajados/as e dedicados/as a uma causa, a causa de criar uma consciência da necessidade de uma cultura de paz. Neste sentido eu me lembro uma das Bases do Poder Transformador, número 10, que diz, “mantenha-se disposto/a a sofrer por uma causa importante”. O nosso lucro não se mede em termos de dinheiro ou capitalismo, mas em termos da convicção de que o sonho é realizável apesar dos senões que nos cercam. Aqui a palavra militar tem seu uso correto. Temos uma causa e uma meta em direção ao qual estamos marchando. Militar significa dedicação total a alcançar o alvo. Se queremos ser militantes da paz há necessidade de fazer uma triagem das nossas prioridades. (4) Isto nos conduz para o último ponto. A nossa sociedade puxa para muitos lados, sem dúvida para lados importantes. A grande dificuldade do SERPAZ é a dispersão. Dispersão enfraquece a nossa luta e dilui a causa pela qual estamos dedicados/as. Temos muitas causas justas e boas mas, talvez no momento devemos nos dedicar ao desarmamento até a votação do referendo em outubro. A luta vai ser ferrenha e a fábrica de armas, Taurus, já deu R$50.000,00 ao Roberto Jefferson para lutar contra o desarmamento, e a política de Bush, através do American Rifle Association está investindo muito para atrapalhar a votação, pois tem medo que Brasil será um modelo de desarmamento e pelo efeito dominó, também afetará os Estados Unidos. Enfim, vocês, como militantes do SERPAZ são modelos de atuação e semeadores de uma nova consciência. A luta exige energia, como um amigo disse: - A energia rebelde de Jesus, que se rebelou contra desigualdade, discriminação, injustiça , dogmatismo e a violência.
Ricardo Wangen

Nenhum comentário:

Pesquisar neste blog